domingo, 6 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 2

     Certa vez viu num anúncio de jornal que uma Companhia de Teatro precisava de uma banda de rock local para participar de um espetáculo. Essa era uma grande oportunidade para se apresentar ao público de diversas partes da Cidade. Sem pestanejar, correu até o local onde a montagem estava sendo feita e rapidamente conseguiu o trabalho. Tinha agora onde se apresentar todos os finais de semana à noite. Logo o seu talento poderia ser apreciado e reconhecido por todos.

     A peça estreou e foi um sucesso. O rapaz percebeu então que era um mero coadjuvante. As pessoas podiam ouví-lo mas nem se davam ao trabalho de olhar para ele. Mesmo assim imaginava que era uma questão de tempo e, de mais a mais, ele gostava daquele ambiente. Sempre movimentado e com os tipos mais interessantes passando por lá.

     O que ele mais gostava era chegar mais cedo e, enquanto arrumava os instrumentos e as partituras, acompanhar o ensaio e a passagem de texto dos atores. Com o tempo chegou a decorar as falas e as marcações. Virou rotina. Pouca coisa de fato mudara para ele. Tinha um emprego, fazia o que gostava, mas ainda cruzava as ruas como mais um entre tantos. Começou a sentir novamente o incômodo, a gastura. Sinal de alerta!

Rori

Continua...