quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 11

     Dizem que um Blues nada mais é do que um coração partido cantando a perda da amada. E é triste. Precisa ser triste ou não será um Blues. Vem dos cantos dos escravos bradando a saudade de sua terra. Mas a perda está sempre presente. Grandes perdas inspiram grandes canções. Todos se identificam com a dor.

     Doze compassos para contar uma história. Mas é impossível dar a exata dimensão do tempo e dos acontecimentos. Se hoje dói é porque ontem havia algo tão intenso quanto a dor. Intensidade, dimensão, tempo... Será mesmo possível medir o imensurável? Claro que não. Somente a música é capaz de traduzir os sentimentos com exatidão.

      Todo tempo deve ser contado. Todo amor deve ser cantado. Toda dor deve ser vivida em sua plenitude até que se esgote, nada mais reste. Depois da última lágrima, com os olhos ressecados, estará imune. Um coração calejado pode parecer inacessível mas não é. Descobrir a chave, o segredo, a combinação é uma questão de entrega. Tudo pode mudar antes do último acorde de um Blues...

Rori

Continua...