quinta-feira, 31 de maio de 2012

Há quem imagine
há quem incerteza
há quem ilumine
há de se ter beleza...

Rori

quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 11

     Dizem que um Blues nada mais é do que um coração partido cantando a perda da amada. E é triste. Precisa ser triste ou não será um Blues. Vem dos cantos dos escravos bradando a saudade de sua terra. Mas a perda está sempre presente. Grandes perdas inspiram grandes canções. Todos se identificam com a dor.

     Doze compassos para contar uma história. Mas é impossível dar a exata dimensão do tempo e dos acontecimentos. Se hoje dói é porque ontem havia algo tão intenso quanto a dor. Intensidade, dimensão, tempo... Será mesmo possível medir o imensurável? Claro que não. Somente a música é capaz de traduzir os sentimentos com exatidão.

      Todo tempo deve ser contado. Todo amor deve ser cantado. Toda dor deve ser vivida em sua plenitude até que se esgote, nada mais reste. Depois da última lágrima, com os olhos ressecados, estará imune. Um coração calejado pode parecer inacessível mas não é. Descobrir a chave, o segredo, a combinação é uma questão de entrega. Tudo pode mudar antes do último acorde de um Blues...

Rori

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quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Existem pessoas que realizam e pessoas que sonham. Normalmente sonham muito porque vivem dormindo..."

Rori

segunda-feira, 21 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 10

     Muitas vezes a palavra mais dolorosa é a que não foi dita. A maior derrota, a batalha não travada. O desalento, a decepção confundia-se com seu inconformismo por não ter se declarado a Anna. Teria ela partido se soubesse do seu apreço? Tarde demais. O leite já estava derramado no chão. A roleta girou sem que ele apostasse.

     Não havia sentido antes um vazio tamanho. A música, sua eterna companheira, traduzia mas não explicava aquele aperto no peito, aquele nó na garganta. Antes tão centrado, agora com a cabeça nas nuvens. Difícil para alguém tão seguro de si perceber que há situações que lhe fogem ao controle. Há coisas que escapam por entre os dedos.

     Ficara sabendo que Anna recebeu uma nova proposta de trabalho e, às pressas, reuniu seus pertences e atendeu ao chamado da oportunidade. Despediu-se de todos mas para ele nenhuma palavra. Fácil entender. Impossível aceitar. O silêncio fez-se em gritos urgentes em sua mente. Não busque no outro a resposta cuja morada é em ti. 

Rori

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sexta-feira, 18 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 9

     Coração disparado! Um suor frio descendo pelo seu corpo... Um tremor incontrolável... Medo, angústia, inconformismo. Sentimentos misturados formando um verdadeiro turbilhão intenso, nebuloso. Como quem caminha na escuridão e se assusta com os ecos dos próprios passos. Como quem teme sombras. Quem teme a solidão...

     Pela primeira vez em meses ele chegou ao Teatro e não encontrara a sua musa (amiga?). Desesperador foi o momento em que ao procurá-la em seu pequeno abrigo atrás da coxia viu o espaço vazio. Tudo foi levado. Como ela fora capaz de partir sem deixar ao menos um bilhete, um aviso qualquer. Como?

     De nada valia o seu sentimento? Horas e mais horas de conversas, confissões... E as carícias despretensiosas mas cheias de amor? Toda sua dedicação fora descartada tão facilmente que ele começou a desconfiar da veracidade de cada palavra trocada. Afinal o que dói mais? Amor não correspondido ou o Amor ignorado?

Rori

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terça-feira, 15 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 8

     Ele a ajudava todos os dias. Corrigia seus movimentos, suavizava suas expressões. Tal qual um Diretor conduzia a sua atriz, ou seria sua Dama, num balé apaixonado transformando o palco num enorme salão. Sobre eles as luzes pareciam observar o que todos já perceberam. Corações batendo em sintonia.

     Por mais previsível que este casal fosse, o momento do encontro nunca chegava. Ela achava que ele a ajudava por pena e se culpava por lançar olhares desejosos. Por sua vez ele se achava ridículo por confundir a simpatia e amizade dela com outro sentimento mais profundo.

     Era óbvio. Muralhas invisíveis eram criadas a todo instante por aqueles que tinham medo de se aventurar nos caminhos do coração. Tão próximos e tão distantes. Os dois, tão acostumados a ler as entrelinhas, não percebiam o Amor que brotava diante de seus olhares. Às vezes, mesmo o óbvio precisa ser dito...

Rori

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quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 7

     Impressionante a capacidade do ser humano em criar laços. Seja por afinidade, afetividade, conveniência até por desafeto. Mas sempre estamos cruzando nossas histórias com a de alguém. Pessoas entram e saem de nossas vidas à todo instante. Alguns passam desapercebidos. Outros marcam. Por vezes como tatuagens outras tantas como feridas.

     São muitos os nomes dados para estes laços. Amizade, irmandade, namoro, sociedade, parceria... Não fomos feitos para viver sozinhos. A independência é utopia. Nossa natureza é partilhar. Nosso instinto nos faz buscar o outro. Ganhamos uma família quando nascemos e formamos outras tantas ao longo da vida.

     Se é verdade que os opostos se atraem, os iguais se buscam incansavelmente. Cara-Metade, Metade da Laranja... Sempre nos vemos como uma parte procurando complemento em outrem. E o sentimento dá liga. O Amor é a cola que une os improváveis. E sonhos são construídos. Caminhos são planejados. Porque Sonho bom é o Sonho que se sonha junto...  

Rori

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segunda-feira, 7 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 6

     Os dias se seguiram e ele acostumou com a presença de Anna. Há quem diga que seus solos de guitarra tornaram-se mais inspirados sob o olhar atento da jovem. Conversavam muito, riam de tudo e já não havia uma única vez sem que, ao se cruzarem nos corredores, um sorriso não fosse trocado.

     Percebendo o nervosismo da atriz com a proximidade de sua estréia, o rapaz prontificou-se a passar as falas do texto com ela. "- Você?" questionou-o sem nada entender. Mas para ele aquilo era mais do que natural, visto que decorara todas as falas de todos os atores de tanto acompanhar os ensaios.

     Para a surpresa dela, ele não apenas sabia as falas como as interpretava de um modo interessante. Sabia as marcações e os trejeitos dos personagens. Foi de grande ajuda e acabou com a sua insegurança. Ele conseguiu retribuir o conforto que o olhar de Anna lhe trouxera. Corações aquecidos!

Rori

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"Conto de um Eu qualquer" - Parte 5

     Tudo seguia igual até que um dia, ao chegar no Teatro, deparou-se com uma agitação incomum. Os atores e o pessoal da produção estavam recepcionando novos integrantes para a trupe. Duas atrizes vieram substituir o elenco de apoio. Foram apresentados mas ele pouca importância deu. Aquilo não mudaria nada em seus afazeres. Em poucos dias seriam mais duas pessoas integradas à sua rotina, pensava.

     Na tarde seguinte, para sua surpresa, não foi o primeiro a chegar. Uma das novas atrizes já estava no palco passando o texto. Estranhou. Seu nome era Anna e contou que havia chegado de outro Estado para trabalhar na peça. Como ainda não tinha onde ficar, o Diretor permitira que ela se acomodasse na coxia por uns dias. 

     Educado, colocou-se à disposição caso ela necessitasse de algo, e voltou para seus instrumentos. Poucas palavras trocadas mas ele percebeu que ela sempre parava para observá-lo tocar. Finalmente alguém naquele Teatro fazia dele o foco principal, mesmo que por alguns instantes. Mesmo com o local vazio. Descobriu o prazer em se apresentar para a sua platéia de uma pessoa só...

Rori

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domingo, 6 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 4

     Embora as coisas não estivessem como gostaria, ele seguia com seu ritual diário. O vazio momentâneo, a busca por algo maior, em sua cabeça era justificada pela necessidade de seu Talento em se expandir. Escondido, fazendo sempre as mesmas coisas, não dava vazão à sua criatividade. Era perturbador.

   Desde criança sempre colocou para fora suas idéias. Desenhava compulsivamente. Com isso criava personagens, estórias, mundos imaginários onde o limite era a sua vontade. Um contador de casos nato. Devorava os livros. Adorava os programas de ficção científica na TV. Cosmos* era o seu favorito.

     Com todo o Infinito para explorar, tantas coisas por criar, prender-se a apenas um lugar, um pequeno grupo de pessoas, era o mesmo que trancar-se numa bolha e lá padecer. Dizem que o Tempo é uma constante comum a todos. Para ele o Tempo era uma variável condicionado à sua mente. Quando imaginava, quando criava, os anos se passavam em segundos. Muitas coisas aconteciam para ele enquanto o Nada se arrastava à sua volta. O Tempo é o inimigo dos inertes e o aliado dos loucos.

Rori

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* Cosmos - foi uma série de TV realizada por Carl Sagan em associação com a BBC em 1980. A série Cosmos é um dos mais formidáveis exemplos da amplitude e eficácia que a divulgação científica pode atingir por meios audiovisuais. Filmado ao longo de três anos, em quarenta locais de doze países, o programa Cosmos abriu a janela do Universo a mais de 500 milhões de pessoas. A sua versão escrita continua a ser o livro de divulgação científica mais vendido da história.

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 3

     Todos nascem com alguma qualidade em especial. Pode ser um sentido mais aguçado, um olhar mais racional, força ou habilidades físicas, etc... O ponto é que, nos nossos primeiros momentos de vida, somos como esponjas com capacidade de absorver tudo o que está à volta. O Ser Humano é influenciado pelo meio. O ambiente no qual vivemos vai determinar quais características serão estimuladas e outras que permanecerão adormecidas. Capacidade de adaptação. Isso é ser Humano.

     A Arte, como a conhecemos, é resultante da combinação de duas habilidades: a Percepção e o Raciocínio. O artista tem a sensibilidade para lançar um olhar diferenciado sobre o que sempre esteve lá, e a capacidade de traduzir e expressar o que muitos perceberam, mas não souberam explicar. Seja através de palavras, sons, imagens ou qualquer outro meio de canalização. A Arte é a manifestação de uma qualidade especial que não foi reprimida.

     Teimamos em definir o subjetivo em apenas uma palavra. Aptidão? Dom? Talento... Quando não motivada desde cedo, essa habilidade pode se manifestar ao longo da vida por conta de um estímulo qualquer. Mas o fato é que quem a tem, sabe. Pode não saber explicar ou até mesmo dominar, mas a semente está lá, sedenta por germinar e finalmente se mostrar ao Mundo. Florescer. Dar frutos. O talento sempre buscará o seu lugar ao Sol...

Rori

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"Conto de um Eu qualquer" - Parte 2

     Certa vez viu num anúncio de jornal que uma Companhia de Teatro precisava de uma banda de rock local para participar de um espetáculo. Essa era uma grande oportunidade para se apresentar ao público de diversas partes da Cidade. Sem pestanejar, correu até o local onde a montagem estava sendo feita e rapidamente conseguiu o trabalho. Tinha agora onde se apresentar todos os finais de semana à noite. Logo o seu talento poderia ser apreciado e reconhecido por todos.

     A peça estreou e foi um sucesso. O rapaz percebeu então que era um mero coadjuvante. As pessoas podiam ouví-lo mas nem se davam ao trabalho de olhar para ele. Mesmo assim imaginava que era uma questão de tempo e, de mais a mais, ele gostava daquele ambiente. Sempre movimentado e com os tipos mais interessantes passando por lá.

     O que ele mais gostava era chegar mais cedo e, enquanto arrumava os instrumentos e as partituras, acompanhar o ensaio e a passagem de texto dos atores. Com o tempo chegou a decorar as falas e as marcações. Virou rotina. Pouca coisa de fato mudara para ele. Tinha um emprego, fazia o que gostava, mas ainda cruzava as ruas como mais um entre tantos. Começou a sentir novamente o incômodo, a gastura. Sinal de alerta!

Rori

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"Conto de um Eu qualquer" - Parte 1

     O Jovem rapaz era todo sonho. Cruzava as ruas movimentadas do seu bairro distribuindo sorrisos e aquele frescor de quem ainda tem tudo por viver. Com a bag de sua guitarra pendurada nas costas, tênis velhos e uma jaqueta jeans desbotada, podia ser reconhecido a quadras de distância, pois aquele era o seu uniforme. Com o andar apressado e as costas arqueadas sempre ouvia dos comerciantes mais velhos: "- Anda direito, Rapaz. Parece que está levando o mundo inteiro nas costas!". "É o peso dos sonhos..." respondia outro. Mas ele seguia sem alterar nada. Afinal, cada passo o deixava mais próximo do seu êxito.

     Estudava pela manhã. Ensaiava com uma banda formada por amigos à tarde e virava as noites estudando. Literatura? Álgebra? História? Nada disso. Música! Essa era a sua vida. E ele era realmente muito bom. Fazia sucesso entre os amigos. Era conhecido em todo o Bairro. Sempre se apresentava nos festivais dos Colégios e em qualquer evento público que acontecesse naquele pedaço. Era o herói dos garotos mais novos e o alvo preferido das mocinhas. Sempre foi assim.

     Mas engana-se quem pensa que isso fazia dele alguém realizado. Pelo contrário. Ele batalhava, mas sabia muito bem o que acontecia todas as vezes que caminhava um pouco mais. Quando ía para longe. Ao deixar as ruas do Bairro, de tão bajulado, tornava-se um completo anônimo. Passava por entre as pessoas sem que ninguém lhe voltasse os olhos. Isso o incomodava. Ele ainda tinha muito o que conquistar...

Rori

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sábado, 5 de maio de 2012

"Te contradigo e completo
 completa contradição
 Provoca ação e desejo
 desejo a provocação..."

Rori

sexta-feira, 4 de maio de 2012

"Desejo que seus argumentos sejam convicções, não desculpas..."

Rori

quinta-feira, 3 de maio de 2012

" A Razão vive em um eterno "Cabo de Guerra" onde de um lado estão as minhas convicções e do outro os seus argumentos..."

Rori
"A dureza das minhas palavras é proporcional à fragilidade dos seus argumentos..."

Rori
"A Verdade não fere. Ela só incomoda enquanto te cura..."

Rori