sexta-feira, 10 de novembro de 2017

O racismo no Brasil é velado? Sério?
Durante anos fui o único aluno negro num Colégio particular de classe média. Lembro de cada piadinha, comentário, apelido e até surras no pátio por conta da côr da minha pele. Lembro dos primeiros olhares dos pais dos meus amigos na primeira vez que os visitava em suas casas. Sei como as pessoas olham desconfiadas quando você entra numa loja ou Banco. Sei como um garçom te atende e o jogo de empurra que existe antes dele chegar à sua mesa. Já fui confundido com motorista particular dentro do meu próprio carro. Já vi pessoas ficarem de pé quando o único assento livre era ao meu lado. Já tive que responder se os meus filhos eram adotados. Sei o que acontece numa entrevista de emprego. Vejo os olhares quando passeio com minha afilhada, que é branca e tem os olhos azuis (parece que sequestrei alguém). E a reação das pessoas na balada quando esbarram em você? "Ah, você é músico? Toca o quê? Cavaquinho?". "Como assim não é pagodeiro nem corinthiano? Já fui até chamado de macaco por outro negro...
Quer dizer então que é escondido, por debaixo dos panos, não declarado? Quem sente na pele, sabe...
Quer comentar o assunto do momento? OK. Mas deixe de lado a hipocrisia e/ou vitimismo e fale abertamente da podridão que é essa nossa sociedade. Bom, vou lá fazer coisas de preto porque afinal de contas, sou preto sim e com muito orgulho!!!

terça-feira, 14 de julho de 2015

sábado, 16 de maio de 2015

Nosso rosto é uma pequena tela na qual projetamos tudo o que queremos. Mentir? Talvez. Iludir? Com certeza. Dizem que os olhos são as janelas d'alma. Se for verdade, ao espiares por ela então será capaz de ver a entrada para um labirinto com saídas diversas, algumas sombrias e outras iluminadas, coloridas, quiçá alegres. Quantas vezes não respondemos com um sorriso quando nosso íntimo sangra? Quantas vezes não somos reticentes quando nossa vontade é rir de qualquer bobagem, de uma lembrança perdida, fragmentada, sem importância. Gastamos muita energia por sermos dispersos. Nos falta foco. Dar peso ao "estar" mais que o "ser". Às vezes acho que o segredo para se viver bem é levar as coisas com leveza. Tratar como pequeno tudo aquilo que não rabiscaríamos num diário. Com o tempo percebemos que alguns momentos deveriam ser apagados da nossa história. Alguns dias até. Mas a memória entorpece com o orgulho, com as mágoas, com os mais tolos conflitos e deixa marcas profundas. Desperdício. Deixamos a alma carregada. Bagagem desnecessária. Cultivamos a enganosa ilusão de que podemos esquecer de tudo com um trago, uma dose à mais. A verdadeira redenção só se dá quando todos os nós desatam. Quando nos tornamos capazes de enxergar além. Quando pudermos focar. Nesse momento então o semblante mostrará força e esperança. Sem a necessidade de máscaras. Sem mentiras ou ilusões.

Rori

sábado, 9 de agosto de 2014

Quero que você a cada noite se apaixone mais por mim...
Quero ser o seu segredo mais oculto escorrendo das entranhas...
Ser o seu sussurro nas tormentas, nos minutos sem fim...
Ser a explicação sem nexo quando o sexo seguir por ruas estranhas...

domingo, 30 de junho de 2013

"Construindo caminhos imaginários para atravessar abismos invisíveis..."

Rori

sábado, 15 de junho de 2013

Será esse tal de amor?

Dai a nítida impressão que foste feita pra mim
Dai a notória sensação de que a noite não tem fim
Dai a luz aos navegantes
Dai a Lua aos amantes
Inspira quem aspira fixar morada em ti...

Dai a Nirvana o que é de Alpha
Dai a noção do ser e estar
Dai à paz, desassossego
Dai ao sovina, desapego
Sacia a sede que há em mim...

Doce guia voz que me acompanha nos meus sonhos
Faz de mim criança em meus momentos mais risonhos
Trás desejo e o ensejo de que não mereço o apreço, que não faço jus a ti
Trás pra perto o longe, onde nele se esconde o beijo que não roubei de ti...

Eternas as horas são quando o repouso me recolhe e não te alcanço no meu ver
Sincera oração quando te peço em minha vida e suplico o teu querer
Atuo em seu palco, onde sou bobo, principe sapo, sempre pronto, ao seu dispor
Deu lugar à indiferença, essa gastura e a impaciência, será esse tal de amor?

Rori

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

domingo, 14 de outubro de 2012

Uns dizem que eu gosto muito de ler. Outros que eu adoro escrever. Pensando nisso cheguei à conclusão que eu gosto mesmo é de viver. Lendo me deparo com outros pontos de vista, paradigmas e Universos ainda não explorados. Escrevendo registro memórias, organizo idéias e pensamentos, torno sonhos palpáveis e crio mundos paralelos onde tudo é possível. Enriqueço o meu dia a dia e vejo a Vida mais amena, mais leve. Me deparo na vida real com personagens muito mais complexos do que minha imaginação seria capaz de criar. E com eles, tenho que interagir. Diferente dos textos, a palavra falada não tem corretor. Ação e consequência. O amor esquenta, o desamor dói. O riso eleva a alma e o choro lava. Vivo diariamente minha fábula real. Não me sinto autor. Sou um personagem desse enredo que não me deram para ler. Não tive ensaios. Mocinho ou vilão? Sei lá. Já vivi dramas, comédias, aventuras e romances. Não sei se estou ganhando mas continuo jogando. Vivendo...

Rori

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Curioso como a Vida segue em ciclos. Engraçado a dificuldade que temos para conseguir enxergar isso. Passei a acreditar que apenas a Morte talvez deixe assuntos realmente inacabados. A frase não termina antes do ponto final. Enquanto os elos estiverem abertos a Vida será uma estrutura sem base, não podendo assim sustentar crescimentos. Um edifício que não passa do 1º andar. E acredite, o Tempo não é uma barreira. O Tempo é caminho a ser percorrido. Alguns o fazem com sabedoria e num curto espaço conseguem fechar os seus elos. Outros precisam caminhar por mais Tempo. Talvez por uma Vida inteira. De onde estamos certamente não podemos ver o Todo. Não há mapas ou GPS que te guie, que te mostre a trilha. Não sabemos onde fica a próxima curva. Não sabemos se há atalhos. Chamamos esse vôo cego de Destino. E quer saber? Se tivéssemos sempre a certeza de qual porta abrir, provavelmente a Vida não teria a menor graça...

Rori

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

"Nada me dá mais agonia do que me pedir para ficar tranquilo..."

Rori

quarta-feira, 13 de junho de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 13

     Cinco meses se passaram. O sucesso da peça diminuíra e o fim da temporada se aproximava. Todos os envolvidos já procuravam novos projetos e com ele não era diferente. Conheceu muita gente, contatos interessantes para investir no futuro de sua banda.

     Vivia agora focado no trabalho, projetos e afins. Deixara de ser aquele ser lúdico para tornar-se um completo elemento Terra. A mudança foi sentida por todos à sua volta mas quem teria coragem de indagá-lo sobre o motivo? Afinal, quem nunca se deparou com um espinho ao contemplar a mais bela rosa?

     O silêncio substituiu os risos. Um olhar perdido aqui, um suspiro alí e uma insatisfação que não podia mais ser disfarçada. Mudou a forma de se vestir, o jeito de andar, os locais onde frequentava. Seu antigo Eu não mais o saciava. Teriam os sonhos dos rapaz secado? Rapaz? Não mais. Estamos falando de um homem...

Rori

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terça-feira, 12 de junho de 2012

Me irrito profundamente quando me chamam de algo que não sou. Mas ofensa mesmo é me chamar de algo que indiscutivelmente eu sou...

Rori

sábado, 2 de junho de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 12

      Vida que segue. Ninguém mais vira aquele sorriso arteiro em seu rosto. Voltara a fechar-se em seu mundo onde os dias passam em segundos e o impossível torna-se real. Fácil imaginar onde aquele turbilhão de sentimentos controversos terminaria. Grandes lições vem de grandes tropeços.

     Curioso é o fato de nunca terem trocado os números de telefone. Provavelmente pela certeza do reencontro no dia seguinte. Talvez pelo receio de não se conter e ligar nas noites passadas em claro. Nem sempre o não declarado significa não constatado. Oculto apenas para quem não quer ver. Ou finge não ver.

     A música era tão presente em sua vida que ele só conseguia pensar nas velhas letras de Blues. Gotas de felicidade para rios de decepção. Seria sempre assim? O que acontece depois do final feliz das estórias. Sua certeza era apenas que não cairia novamente em tais emboscadas da vida. Olhos bem abertos e o coração bem fechado.

Rori

Continua...

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Há quem imagine
há quem incerteza
há quem ilumine
há de se ter beleza...

Rori

quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 11

     Dizem que um Blues nada mais é do que um coração partido cantando a perda da amada. E é triste. Precisa ser triste ou não será um Blues. Vem dos cantos dos escravos bradando a saudade de sua terra. Mas a perda está sempre presente. Grandes perdas inspiram grandes canções. Todos se identificam com a dor.

     Doze compassos para contar uma história. Mas é impossível dar a exata dimensão do tempo e dos acontecimentos. Se hoje dói é porque ontem havia algo tão intenso quanto a dor. Intensidade, dimensão, tempo... Será mesmo possível medir o imensurável? Claro que não. Somente a música é capaz de traduzir os sentimentos com exatidão.

      Todo tempo deve ser contado. Todo amor deve ser cantado. Toda dor deve ser vivida em sua plenitude até que se esgote, nada mais reste. Depois da última lágrima, com os olhos ressecados, estará imune. Um coração calejado pode parecer inacessível mas não é. Descobrir a chave, o segredo, a combinação é uma questão de entrega. Tudo pode mudar antes do último acorde de um Blues...

Rori

Continua...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Existem pessoas que realizam e pessoas que sonham. Normalmente sonham muito porque vivem dormindo..."

Rori

segunda-feira, 21 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 10

     Muitas vezes a palavra mais dolorosa é a que não foi dita. A maior derrota, a batalha não travada. O desalento, a decepção confundia-se com seu inconformismo por não ter se declarado a Anna. Teria ela partido se soubesse do seu apreço? Tarde demais. O leite já estava derramado no chão. A roleta girou sem que ele apostasse.

     Não havia sentido antes um vazio tamanho. A música, sua eterna companheira, traduzia mas não explicava aquele aperto no peito, aquele nó na garganta. Antes tão centrado, agora com a cabeça nas nuvens. Difícil para alguém tão seguro de si perceber que há situações que lhe fogem ao controle. Há coisas que escapam por entre os dedos.

     Ficara sabendo que Anna recebeu uma nova proposta de trabalho e, às pressas, reuniu seus pertences e atendeu ao chamado da oportunidade. Despediu-se de todos mas para ele nenhuma palavra. Fácil entender. Impossível aceitar. O silêncio fez-se em gritos urgentes em sua mente. Não busque no outro a resposta cuja morada é em ti. 

Rori

Continua...

sexta-feira, 18 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 9

     Coração disparado! Um suor frio descendo pelo seu corpo... Um tremor incontrolável... Medo, angústia, inconformismo. Sentimentos misturados formando um verdadeiro turbilhão intenso, nebuloso. Como quem caminha na escuridão e se assusta com os ecos dos próprios passos. Como quem teme sombras. Quem teme a solidão...

     Pela primeira vez em meses ele chegou ao Teatro e não encontrara a sua musa (amiga?). Desesperador foi o momento em que ao procurá-la em seu pequeno abrigo atrás da coxia viu o espaço vazio. Tudo foi levado. Como ela fora capaz de partir sem deixar ao menos um bilhete, um aviso qualquer. Como?

     De nada valia o seu sentimento? Horas e mais horas de conversas, confissões... E as carícias despretensiosas mas cheias de amor? Toda sua dedicação fora descartada tão facilmente que ele começou a desconfiar da veracidade de cada palavra trocada. Afinal o que dói mais? Amor não correspondido ou o Amor ignorado?

Rori

Continua...

terça-feira, 15 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 8

     Ele a ajudava todos os dias. Corrigia seus movimentos, suavizava suas expressões. Tal qual um Diretor conduzia a sua atriz, ou seria sua Dama, num balé apaixonado transformando o palco num enorme salão. Sobre eles as luzes pareciam observar o que todos já perceberam. Corações batendo em sintonia.

     Por mais previsível que este casal fosse, o momento do encontro nunca chegava. Ela achava que ele a ajudava por pena e se culpava por lançar olhares desejosos. Por sua vez ele se achava ridículo por confundir a simpatia e amizade dela com outro sentimento mais profundo.

     Era óbvio. Muralhas invisíveis eram criadas a todo instante por aqueles que tinham medo de se aventurar nos caminhos do coração. Tão próximos e tão distantes. Os dois, tão acostumados a ler as entrelinhas, não percebiam o Amor que brotava diante de seus olhares. Às vezes, mesmo o óbvio precisa ser dito...

Rori

Continua...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Conto de um Eu qualquer" - Parte 7

     Impressionante a capacidade do ser humano em criar laços. Seja por afinidade, afetividade, conveniência até por desafeto. Mas sempre estamos cruzando nossas histórias com a de alguém. Pessoas entram e saem de nossas vidas à todo instante. Alguns passam desapercebidos. Outros marcam. Por vezes como tatuagens outras tantas como feridas.

     São muitos os nomes dados para estes laços. Amizade, irmandade, namoro, sociedade, parceria... Não fomos feitos para viver sozinhos. A independência é utopia. Nossa natureza é partilhar. Nosso instinto nos faz buscar o outro. Ganhamos uma família quando nascemos e formamos outras tantas ao longo da vida.

     Se é verdade que os opostos se atraem, os iguais se buscam incansavelmente. Cara-Metade, Metade da Laranja... Sempre nos vemos como uma parte procurando complemento em outrem. E o sentimento dá liga. O Amor é a cola que une os improváveis. E sonhos são construídos. Caminhos são planejados. Porque Sonho bom é o Sonho que se sonha junto...  

Rori

Continua...