O tempo...
expõe os meus passos
apaga meus rastros...
a memória eterniza o momento
lembrança que esvae-se no vento
e perde-se no contínuo movimento...
da vida, dos ponteiros, dos quadris,
da pálpebra, a retina e a raiz...
da saliva que te roubo da boca,
do gozo feito chafariz...
a lágrima acaricia teu rosto
tal qual o céu afaga a montanha no horizonte
como o igual atrai o oposto
como um indeciso vendado no meio da ponte...
exita... não sabe aonde ir
ignora como e quando partir
choro espontâneo feito riso de criança
inverno adormecendo a esperança...
esperança de sorver cada instante
desfrutar do momento inconstante
mudar o mundo num rompante
avante, doravante distante... sempre
aproximas-te da fé no retiro
ensaias a entrega, a devoção
Hora a ação nos dias, oração nas noites
hora esbórnia, hora flajelo e açoites...
mas crescemos... eis a resposta do tempo
às nossas dúvidas e angústias
chupeta, bola, canudo, aliança, bengala
entre sorrisos e lamúrias
vivemos, amamos, somos quem fomos até...