sexta-feira, 17 de setembro de 2010

"Monte Claro" - by Rori 17_09_10

Tal qual um lago o esverdear dos seus olhos azuis me seduzem, me invadem e convidam. Imploram por um insensato mergulhar em tuas águas límpidas, naturalmente aromatizadas pela tua alva derme. Me lembram a neve que cobre o Monte Claro espelhado em tuas planices. Beleza que transcende o horizonte e desafia os limites do tempo, eternizando momentos, materializando lembranças e sonhos. Como num mundo paralelo a linha da vida segue, sem deixar de ser, transmutada conservando a essência, espalhando sua semente e destilando seu suave veneno, inebriante, deixando sem fôlego o velho visitante como se fora o novato, desbravador que pela primeira vez deleita-se com todo o seu explendor. Irradias luz. Ilumina então os obscuros cantos do coração onde guardo as memórias do que foi sonhado tão intensamente que confunde-se com o vivido, o realizado. Meu Monte Claro sempre esteve no horizonte. Inalcansável por mais que eu caminhasse. Interminável pelegrinação rumo ao desconhecido porém desejado. Monte Claro é inspiração. O cálice que move missões pelo simples acreditar em sua existência. Mesmo com oculta morada. A lembrança alimenta a esperança que move o contínuo respingar de saudade e por vezes de nostalgia. Se lanço o olhar na multidão ainda assim estará lá. Imponente, fazendo-se notar majestoso ainda que distante. Depois de tanto tempo me dou conta de que conhecer Monte Claro mudou a minha forma de ver e sentir... Mudou os rumos da minha jornada...

domingo, 5 de setembro de 2010

Esfinge de Estilhaços - Lobão

Esfinge de Estilhaços
   (uma música que eu gostaria de ter escrito) 

Oh! Ironia...
Era um poeta que um dia
Assobiou ao acaso...
E por surpresa, quem diria...
Era eu sua montanha desmoronada
Sua vitória derrocada
Sua honestidade tardia
Me desmorono, pela vontade, pela potência
E me transformo numa esfinge de estilhaços
Dando graças a algum deus muito distante
Ou o representante de todas as mortes no céu...
Um céu, há muito tempo, morto de estrelas...
Morto, morto, morto
E quem sabe?! Pela força da sua traição
Pelo sangue jorrando de uma só veia
De uma transbordada paixão!
A medida sendo a falta, seja lá qual for a falta:
Falha, amor, infâmia, elegância
Eu amo duelar com todas as partes da existência:
Vida, morte, vitória, fracasso, vazio...
Um derradeiro sopro de audácia
Dessa indecifrável coragem
Reerguendo com a astúcia de um gesto lento
Uma inevitável eternidade...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sopa de Letras - Improviso 4 - "Palhaços" - By Rori 01_09_10

Apoderas-te dos meus sonhos
surges em meu imaginário enquanto
ludibrio os desavisados mantendo os olhos abertos...

Os tolos só crêem no que vêem
e fingem acreditar naquilo que sequer compreendem...

Pensam controlar a razão
mas são movidos e tomados pela emoção...

Satisfação com o material
discurso de busca espiritual
mas fracos são, mundanos
cheios de atos falhos, insanos...

Vangloriam-se com o status
falsa sensação de poder
programados para operar na rotina
criatividade disimada, morte da alma em sua essência...

Colecionam souvenirs para provar o que viveram
as lembranças e as sensações não bastam
para eles, de que adianta evoluir
se isso não puder ser mostrado, invejado...

Uma vida de paisagens
máscaras por vez dissimuladas
encondem quem realmente são
entre sorrisos de uma vida feliz...

Esconde-se a ruína
emocional, passional, racional, por tantas vezes moral
maquiagens camuflam os monstros interiores...

Mas tais criaturas todos nós somos
conflitos e mistérios todos temos
ninguém é melhor que ninguém nesse ponto
apenas os disfarces de alguns
são exibidos como se fossem a realidade...

Todo Palhaço se mostra e faz rir
mas poucos vêem a lágrima estampada em sua face...