domingo, 4 de julho de 2010

Muito prazer: Blues!!! - by Rori 04_07_10

Eu tinha 16 anos. Adolescente em pé de guerra com o mundo, tinha um olhar crítico e comentários ácidos sobre praticamente tudo. Passava horas do meu dia trancado no quarto tocando guitarra e ouvindo rock pesado. Ensaiava com a minha banda à noite e virava a madrugada com meus amigos e garotas. Tinha uma postura metal, embora já tivesse passado por fases dark e punk. Enfim, era, para a época, um adolescente normal. Vou falar sobre a influência de alguns discos na minha vida. Sempre estudei a história do rock e sabia da sua raíz no blues, mas até então não tinha nenhum ídolo, nenhuma referência importante. Havia assistido a um show do Robert Cray e só. Clapton? Preferia a fase pop. Um belo dia fui a minha loja de discos de sempre e encontrei um novo disco de um dos meus guitarristas favoritos: Gary Moore. Roqueiro dos bons, na ativa desde os anos 70, tocou no Thin Lizzy e tinha uma respeitável carreira solo. Seu disco anterior "After the War" era um petardo! Comprei sem pensar. Chegando em casa, corri para o meu quarto e o coloquei no meu velho Gradiente. O grande barato dos discos de vinil era o prazer de curtir a capa. E esta era linda. Na frente, o retrato, em preto e branco, de um garoto sentado na cama empunhando uma Gibson Les Paul. À sua volta uma vitrola e velhos discos de vinil de mestres do Blues. Um clima totalmente anos 50. No verso o Gary Moore, na mesma posição, aparentemente no mesmo quarto, com a mesma guitarra, mas nos dias de hoje, cercado por CDs e coisas modernas. Uma linha do tempo maravilhosa. Seria o Gary Moore voltando às raízes ou o garoto que nunca deixou de existir? O disco começa a tocar. O que era aquilo? Que energia! Um som crú, básico... A sua voz forte era embalada por uma harmonia simples mas contagiante. Solos e mais solos rasgavam as canções, incendiando, dando o tempero. Fui definitivamente apresentado ao Blues. Ao Rithm'n'blues na verdade mas isso pouco importa. Este disco foi a chave para que eu buscasse conhecer outros tantos álbuns e músicos mas principalmente, fez do Blues uma influência fundamental na minha forma de tocar, na minha vida. Chorei ouvindo pela primeira vez o solo de "Still got the Blues" e me emociono até hoje. "Tanto tempo, foi há tanto tempo mas eu aindo fico triste por você..."